sábado, 19 de março de 2011

ROUND LAND OF HORSES AND APPLES...

Ao Miguel, no seu 4º Aniversário, e contra o nuclear, naturalmente ...

Vais crescendo, meu filho, com a difícil

luz do mundo. Não foi um paraíso,

que não é medida humana, o que para ti

sonhei. Só quis que a terra fosse limpa,

nela pudesses respirar desperto

e aprender que todo homem, todo,

tem direito a sê-lo inteiramente

até ao fim. Terra de sol maduro,

redonda terra de cavalos e maçãs,

terra generosa, agora atormentada

no próprio coração; terra onde teu pai

e tua mãe amaram para que fosses

o pulsar da vida, tornada inferno

vivo onde nos vão encurralando

o medo, a ambição, a estupidez,

se não for demência apenas a razão;

terra inocente, terra atraiçoada,

em que nem sequer é já possível

pousar num rio os olhos de alegria,

e partilhar o pão, ou a palavra;

terra onde o ódio a tanta e tão vil

besta fardada é tudo o que nos resta;

abutres e chacais que do saber fizeram

comércio tão contrário à natureza

que só crimes e crimes e crimes pariam.

Que faremos nós, filho, para que a vida

seja mais que a cegueira e cobardia?

Poema de Eugénio de Andrade
Young foul/Portuguese garrano breed

To Miguel for his 4th birthday, and against nuclear power, of course ...

You grow up, my son, with the difficult

light of the world. It was not a paradise,

made of human measure, what I once had

dreamed for you. I only meant that the land be cleared,

And in it you could breath awake

and learn that every man, every man,

would be entitled to be so entirely,

until the end. Land of ripe sun,

round land of horses and apples,

generous land, now tormented

in its very heart, land where your father

and mother once loved

so that you could be the pulse of life

now turned into hell

where we become trapped

In fear, greed, stupidity,

Dementia turned into reason;

innocent land, betrayed land,

where it is not even possible

To rest ones eyes on a river of joy,

and share the bread, or the word;

land where so much hatred and vile

uniformed beast is all that remains;

vultures and jackals who have knowledge

trade so contrary to nature

criminals that give birth to crime.

What shall we do, son, so that life

is more than blindness and cowardness?

Poem by Eugénio de Andrade / English Translation by BB

4 comentários:

  1. Nada fazemos mesmo tudo tentando... infelizmente a minoria, nestas e noutras coisas, nada consegue fazer... mas uma coisa fazemos ensinamos os filhos (no meu caso os dos outros) de que mesmo contra a maré não desistimos... resistimos!
    Beijo :)

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  2. Tens um modo de pensar que me agrada, faziam falta mais como tu (muitos mais) mas o mundo parece querer tapar os olhos com a venda da ignorança e continuar a acreditar que vai ficar tudo bem...enfim...

    Beijos linda !

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  3. Close Up!
    Obrigado pelo comentário,o teu blog também é muito fixe,prometo visitar mais vezes.

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