Ao Miguel, no seu 4º Aniversário, e contra o nuclear, naturalmente ...
Vais crescendo, meu filho, com a difícil
luz do mundo. Não foi um paraíso,
que não é medida humana, o que para ti
sonhei. Só quis que a terra fosse limpa,
nela pudesses respirar desperto
e aprender que todo homem, todo,
tem direito a sê-lo inteiramente
até ao fim. Terra de sol maduro,
redonda terra de cavalos e maçãs,
terra generosa, agora atormentada
no próprio coração; terra onde teu pai
e tua mãe amaram para que fosses
o pulsar da vida, tornada inferno
vivo onde nos vão encurralando
o medo, a ambição, a estupidez,
se não for demência apenas a razão;
terra inocente, terra atraiçoada,
em que nem sequer é já possível
pousar num rio os olhos de alegria,
e partilhar o pão, ou a palavra;
terra onde o ódio a tanta e tão vil
besta fardada é tudo o que nos resta;
abutres e chacais que do saber fizeram
comércio tão contrário à natureza
que só crimes e crimes e crimes pariam.
Que faremos nós, filho, para que a vida
seja mais que a cegueira e cobardia?
Poema de Eugénio de Andrade
Young foul/Portuguese garrano breed
To Miguel for his 4th birthday, and against nuclear power, of course ...
You grow up, my son, with the difficult
light of the world. It was not a paradise,
made of human measure, what I once had
dreamed for you. I only meant that the land be cleared,
And in it you could breath awake
and learn that every man, every man,
would be entitled to be so entirely,
until the end. Land of ripe sun,
round land of horses and apples,
generous land, now tormented
in its very heart, land where your father
and mother once loved
so that you could be the pulse of life
now turned into hell
where we become trapped
In fear, greed, stupidity,
Dementia turned into reason;
innocent land, betrayed land,
where it is not even possible
To rest ones eyes on a river of joy,
and share the bread, or the word;
land where so much hatred and vile
uniformed beast is all that remains;
vultures and jackals who have knowledge
trade so contrary to nature
criminals that give birth to crime.
What shall we do, son, so that life
is more than blindness and cowardness?
Poem by Eugénio de Andrade / English Translation by BB
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Nada fazemos mesmo tudo tentando... infelizmente a minoria, nestas e noutras coisas, nada consegue fazer... mas uma coisa fazemos ensinamos os filhos (no meu caso os dos outros) de que mesmo contra a maré não desistimos... resistimos!
ResponderEliminarBeijo :)
Tens um modo de pensar que me agrada, faziam falta mais como tu (muitos mais) mas o mundo parece querer tapar os olhos com a venda da ignorança e continuar a acreditar que vai ficar tudo bem...enfim...
ResponderEliminarBeijos linda !
Lindo!
ResponderEliminarIncrivelmente perfeito!
Close Up!
ResponderEliminarObrigado pelo comentário,o teu blog também é muito fixe,prometo visitar mais vezes.