segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Bloodletting PT

Os melhores Americanos ainda não nasceram


Estes esperam pacientemente pela morte do passado

Por favor, dê sangue

Essas tábuas foram-se desintegrando ao compartilhar uma história com uma sarça ardente

Onde está aquela voz no vazio para lembrar-nos que o solo sagrado sobre o qual caminhamos,purificado pelo sangue dos nativos,possui árvores enraizadas cujas folhas que caem dão cor e sabor a uma lista de exigências proféticas

Quem entre nós pode dar a tradução dos tons outonais para as notícias da manhã?

O Homem da âncora lançado ao mar está simplesmente enraizado nas histórias de repetição dos ciclos.

Uma nação em seus anos de tristeza que não quer reconhecer o karma

Onde está a voz do nada, aquela que os teus profetas falaram?

Há vozes de medo desconectados de seus diafragmas, penduradas em dentes cobertos de manchas de café derramado nos nossos colos queimando as partes intímas

Há vozes dos lados do pescoço, alguns já enforcados, particípios que bamboleiam, pronomes correndo para a sentença servos em recantos de escritório e recantos do guetto, as vozes são as mesmas

Mortos para si mesmos, dormentes perante a possibilidade da verdade existente que pode ser agarrada na palma da mão, ponto final.

Há vozes de anciãos, que parecem não fazer mais do que amaldiçoar-nos à infantilidade

Porque em muitos lares, a sabedoria já não vem com a idade

Então onde está a voz do nada, a sarça ardente, a pomba que passa?

Eu ouço as vozes dos generais clamando por munições, os presidentes clamando por armas, Mulheres clamando por ajuda

Onde está a voz do nada, o Deus de Abraão?

Pode este ser ouvido sobre o tiroteio, zumbido dos mísseis, a queda de edifícios, os gritos das crianças, o estalar dos ossos, o grito das sirenes?

Ou será que esta é a sua voz poderosa ?

O vosso Deus irritado clamando o sacrifício das gerações precoces, filhos degenerados

Os vossos livros sagrados escritos a tinta vermelha em areias escaldantas

As vossas orações por entre as salvas de disparos não fazem mais do que apressar o destino dos vossos filhos à verdade martelada do vosso gatilho

Uma verdade em forma de cogumelo que projecta sombra sobre nós

Para que nós assim também testemunhemos o destino de curta duração de uma civilização que adora um deus do sexo masculino

As tuas armas são fálicas, todas elas

Esse boneco que repousa no teu colo já não é mais um espectáculo merecedor de ser visto

A sua face pálida e mirrada deixa pouco espaço para a imaginação

Apercebemo-nos dos seus lábios em movimento e topámos a origem da sua voz, a sua fonte

É uma fonte de loucura

É uma fonte de fome, de poder

Uma fonte de fraqueza

Uma fonte de mal

Abandonámos o vosso coliseu e cercámos as bilheteiras

E EXIGIMOS as nossas famílias de volta

As nossas culturas de volta

Os nossos rituais de volta,

Os nossos deuses de volta, para que possamos devolvê-los à sua fonte adequada

A fonte da vida, a fonte da criação, o útero da nossa mãe, a grande deusa

Vamos cortar o arame farpado e os cintos de castidade

Vamos subir e incubar os nossos espíritos para o inverno

Vamos esperar pelo fim do degenerado curso da vossa história repetida

Vamos esperar que o passado morra.
 
Poem : Bloodletting by Saul Williams
Portuguese Translation : BB

2 comentários:

  1. hhhmmm...mt interessante, mas cheio de crises existenciais..

    beijinh

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  2. Xaninha
    Crises existênciais minhas ou dele,lol ?
    Acho que de ambos pois reconheço muitos dos meus pensamentos nesta poesia.
    Esta é basicamente uma poesia que é um manifesto anti guerra e anti violencia.
    Eu pessoalmente gosto.
    Beijos e obrigado.

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